terça-feira, 17 de março de 2009

DESPEDIDA DA ASPOL

Prezados companheiros,

Desde o dia em que ingressei na nossa Policia Civil, dediquei-me de corpo e alma a mesma. Inicialmente, no desempenho das funções, no decorrer do tempo, nas lutas pela nossa sofrida, mas tão aguerrida PC.

Os pedidos familiares para que sequer ingressasse e posteriormente para que deixasse foram muitos, sempre rebatidos com o argumento de que é uma profissão digna como outra qualquer e feita de gente de bem, ao contrário do que dizem alguns. Mas nada convencia, somente o fato da estabilidade do serviço público fazia com que aceitassem.

Nesse entretempo pudemos conquistar a nossa Lei Orgânica e garantir ao menos a aposentadoria sem perda de remuneração, o que precisa melhorar e muito. Foram batalhas duras e que por muitas vezes fizemos das tripas coração, passamos por cima de muitas pedreiras e fizemos várias coisas mesmo sem poder. Uma coisa é certa: NUNCA DEIXAMOS DE DEFENDER UM POLICIAL CIVIL !!!

Sem imunidade, sem estrutura financeira, enfim, a ASPOL era nada e o crédito que foi dado por vocês, o sentimento de crença e a esperança renascida, a transformou na legitima representante da Policia Civil e fez renascer a ESPERANÇA EM TODOS. Conseguimos o nosso primeiro objetivo: A POLICIA CIVIL HOJE TEM UMA CARREIRA.

Como tudo não eram flores e as dificuldades somente cresciam, pela insistência, passei a fazer concursos, mesmo sem estar preparado para tais certames. Para surpresa minha, mas certamente sob os desígnios de Deus, fui aprovado e nomeado para outro cargo publico. Comemoraram muito e mais uma vez o pedido foi feito: Deixe a policia.

Resisti, tentei conciliar, afinal só deixarei de ser policial ao fim da vacância e no meu coração serei sempre, mas era humanamente impossivel... Rotina dura, acordar as 5 da manha, sair as 6, viajar, voltar, buscar resolução dos problemas da categoria, articular, faculdade à noite... O cansaço era grande, mas o sentimento de compromisso com a causa maior! Já quando estava tentando a volta em definitivo, o golpe mais forte, que veio acompanhado de outras pancadas: A SAUDE DEBILITADA DE UMA DAS PESSOAS QUE MAIS AMO, pela primeira vez me faz fraquejar e golpeou até mesmo minha própria saúde. Falta-me ânimo para continuar. O coração precisa repousar e preciso cuidar daquela que cuidou sempre de mim: MINHA AVÓ, que me pede, do seu jeito, mais atenção.

Na assembléia já me diziam: “Estão falando que você não é mais o mesmo”. Justamente em dia conturbado e de muitos problemas e decepções, veio o golpe final, ao responder que estava na assembléia da ASPOL: “Por isso você não tem tempo para o povo de casa”. Essa frase me doeu como corte de lamina afiada. Já tão machucado pelas vicissitudes encontradas e aliado a outros acontecimentos menores, o ultimato que me fez tomar a decisão: “Precisamos do seu tempo para nós. Não agüentamos mais”.

Tomei então a decisão de renunciar a Presidência. Decisão que tomo por saber não mais poder corresponder às expectativas dos que nos depositam confiança, pois não se pode servir a dois senhores. Decisão difícil, que agrada a uns e desagrada a outros, mas que acima de tudo tomo por desejar que o crescimento da ASPOL continue e que o futuro de nossa categoria seja brilhante. A minha falta de tempo é real e não tenho o direito de me manter no cargo por vaidade.

A história e o tempo mostrarão se acertei ou errei. Mas se errei, tenho a consciência de que o fiz tentando acertar. Podemos enganar a todos e ser absolvidos, mas engane a si mesmo e sua consciência o condenará. E por esta estou absolvido. Existem verdades que só podem ser provadas pelo tempo.

Levo o mesmo amor à profissão. Ainda estarei aqui para ajudar no que for possível. Tenho de estar ausente e esta ausência precisa ser preenchida efetivamente por quem possa continuar a guerra. Vencemos batalhas, perdemos outras, mas o saldo é mais do que positivo porque estava presente integralmente. Só que vitórias são saborosas e aparecem muitos responsáveis. Derrotas costumam apontar apenas um.

Fica o meu sincero desejo de que os que continuam a jornada tenham sucesso e possam manter aquilo que tanto trabalhamos para erguer. Que ponham sentimentos pessoais abaixo dos ideais do bem comum e que possam continuar lutando para tornar o sonho realidade: UMA POLICIA BEM REMUNERADA. E a força da ASPOL é fator determinante.

O dia da aprovação da Lei Orgânica foi o dia mais feliz de minha vida, junto com o do nascimento de minha filha. Este é o dia mais difícil e mais triste de minha breve existência até agora. Mas certamente virão outros mais felizes e também outros mais tristes. A vida é sempre assim.

Por alguns dias, estarei recolhido à reflexão. Recolho-me por precisar buscar a paz comigo mesmo e principalmente com os meus. Despeço-me do cargo de Presidente da ASPOL, mas não dos amigos verdadeiros que encontrei. Saio agradecido a Deus primeiramente, depois a todos os que ajudaram a pavimentar esta estrada e principalmente a cada um que nos permitiu representa-los, DO QUE MUITO ME ORGULHO. Pelas derrotas, nossas desculpas, pelas vitórias, nosso muito obrigado. Deus ilumine a todos e a luta continuará, esteja onde estiver!!!


João Pessoa, 13 de março de 2009.

Flavio Emiliano Moreira Damião Soares

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